27 de agosto de 2012

O clima esquentou. E agora?



Por Darci Bergmann


 Tem sido recorrente a questão das mudanças climáticas. Indiferente aos questionamentos levantados pelos chamados ‘céticos’, os quais alegam que tais mudanças estão desvinculadas da ação humana, estamos sentindo os efeitos de um clima alterado.
   Na espécie humana, os efeitos são visíveis pela vulnerabilidade das pessoas, quando ficam mais expostas a certas doenças. O inverno na região sul do Brasil tem sido atípico. Ora frio intenso, como no início de julho do ano em curso. Ora temperaturas altas acima de 35° C como as constatadas em pleno mês de agosto aqui em São Borja. Mencione-se ainda a escassez de chuvas bem abaixo da média normal nos últimos dez meses.

A geada preta


  Em começos de julho ocorreram geadas fortíssimas na região Sul brasileira. As temperaturas baixaram bruscamente, ocorrendo o fenômeno conhecido popularmente como ‘geada preta’. Em caso assim, congela a seiva das plantas e ocorre ruptura dos tecidos, com mortandade de ramos e muitas vezes das plantas. As conseqüências da ‘geada preta’ foram devastadoras. Pomares e viveiros afetados, inclusive espécies vegetais nativas. Outro exemplo: a cultura de mandioca, também conhecida como aipim, foi prejudicada. Faltam ramas para o plantio na transição inverno-primavera e agora elas vêm de outros estados a preços exorbitantes.  Depois, as temperaturas subiram e um ‘clima de verão’ acontecia em pleno inverno, forçando a liquidação antecipada das roupas quentes no comércio da região. Por ironia, nesta última semana de agosto, o frio retornou, ocorrendo geadas em algumas regiões.
   As plantas reagem de diferentes formas a essas mudanças. Em algumas espécies de árvores a propagação por sementes ficará comprometida. A época de floração varia, ocorrem distúrbios na polinização por insetos e outros fatores mais que resultam na ausência ou diminuição de frutos e sementes em muitas espécies. Outras, ao contrário, são estimuladas à floração após um choque de frio, mas podem ser prejudicadas depois pela escassez de chuvas.
Caulifloria, isto é, floração no caule e ramos.
A jabuticabeira* exibiu intensa floração ainda
em plena época de inverno.  

   Nenhuma espécie fica imune às alterações climáticas. O equilíbrio entre elas, em qualquer ecossistema, também será afetado. Com o tempo essas mudanças serão mais conhecidas e também melhor avaliadas as ações humanas diante do novo cenário climático que se descortina.  
* Também se usa o termo jaboticabeira para expressar o nome comum dessa espécie 
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Outros efeitos do aquecimento:
Degelo no Ártico
Mapa mostra encolhimento do gelo no Oceano Ártico desde 1979, segundo medição da Nasa (Foto: Nasa divulgação) Fonte acessada: G1

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