A gralha-picaça é excelente semeadora de várias espécies vegetais. Foto: Darci Bergmann, São Borja-RS, Brasil |
Por Darci Bergmann*
Várias
espécies de aves nos inspiram curiosidades e admiração. Os sabiás, por exemplo,
tem o dom de um canto maravilhoso, com variações melódicas que lhe dão fama.
Além de bons cantores, esses pássaros agem como semeadores de florestas.
Apreciam frutas silvestres do tipo bagas, como aquelas das canelas, camboatás,
do exótico cinamomo, entre outras. Promovem a disseminação de árvores e
arbustos, proporcionando maior diversidade de plantas, mesmo em monoculturas,
como as de eucaliptos.
No meu sítio, estou promovendo o plantio
diversificado de espécies florestais e os pássaros proporcionam ajuda
inestimável. Eles trazem sementes de outras espécies, enriquecendo a floresta
por mim iniciada. Alguns fatores atraem os pássaros, tais como outras árvores e
arbustos para pouso, não serem enxotados pelos humanos, não realização de
queimadas, etc. Capoeiras em estágios diversos também atraem, porque nelas já
existem abrigo e arbustos que lhes permitem ficar fora do alcance de
predadores. Em pouco tempo, os resultados começam a aparecer: aroeiras, taleiras,
pitangueiras, carvalinhos, os já citados canelas e camboatás, são algumas das
muitas espécies propagadas pelos pássaros. A lógica da natureza nem sempre é
compreendida pelos humanos.
É bom
sempre repetir. Por questão de segurança, a maioria das espécies de aves
prefere construir seus ninhos em locais onde a vegetação é mais densa, numa
altura que varia entre um e quatro metros. Aquilo que para nossa espécie parece não ter valor, para as aves e outros animais pode ser a condição de
sobrevivência. Daí a importância das capoeiras. Com o passar do tempo, árvores
de maior porte podem ali se desenvolver, especialmente as que precisam de
sombra quando jovens. Precisamos mais florestas nativas para proteger os nossos solos da erosão e conservar nossos mananciais de água.Nós humanos deveríamos aprender com os pássaros. Eles retribuem as dádivas da natureza com o
plantio de diversas espécies de plantas. Enquanto isso, alguns humanos ainda teimam em destruir capoeiras e florestas, sem conhecer o real valor dessas formações vegetais, tão importantes para a nossa própria sobrevivência. Até quando?
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Nota: O artigo original Semeadores alados,de minha autoria, foi publicado no boletim Voces, edição fevereiro de 1996, Santo Tomé, Argentina. O texto neste blog foi atualizado com pequenas alterações.
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